domingo, 8 de agosto de 2010

Ritual Celta do Amor

Formado o meu círculo mágico
Devidamente protegido pela espessa camada de luz azul brilhante
Danço, nua, no sentido dos ponteiros do relógio
Passando pelos quatro quartos, elevando meu coração ao Deus e à Deusa
E aos quatro elementos do Universo
Agradeço por minha vida e a oferto a você, minha alma-metade
Envolvida em éter, num transe mágico, paro em frente o meu altar sagrado
Onde deposito meu coração
Dentro dele estão meus sonhos mais secretos
De me sentir inteira como parte da natureza
Que passa pelas quatro estações florescendo, aquecendo, deixando cair a folha seca, fertilizando o solo
E reinicia o ciclo mágico da vida
Passando por dias maiores que as noites, noites maiores que os dia, até que estes se tornem igualmente passageiros
Entre solstícios e equinócios, o trio astral prossegue na sua dança gravitacional heliocêntrica
Então, misturada a essa máquina perfeita e auto suficiente que é a natureza
Eu vou seguindo rumo a você, enfrentando todo mal com o corte delicado do meu atame
E a parte feminina do meu ser volta a se andrógina, como no início de tudo
Agora meus ritos mágicos não são mais solitários
Duas vozes cantam um mesmo canto de liberdade e paz na Terra e no Universo infinito
Onde a voz das almas unas ecoa eternamente
A mais linda canção da vida e o mais lindo poema da paz
Na língua universal silenciosamente telepática
Do mais puro e perfeito amor
Salve e adeus.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Horóscopo do Dia

Numa das minhas tantas reflexões sobre viver e ser feliz, analisei: _A vida bem que poderia ser mais simples, pois a beleza  e a felicidade estão mesmo nas coisas simples, como beijar na boca, escutar  o vento e sentir o cheiro da chuva, comer chocolate, obseravar como uma criança sorri despreocupada e meu cachorro abana o rabinho contente toda vez que eu chego em casa. Então, cheguei a uma conclusão: nunca mais quero nascer mulher, muito menos canceriana; só vou nascer homem, e de aquário!

S.O.S Guru Gita

Está muito frio aqui
Como não costuma ser normalmente
Mas faz algum tempo que as coisas não parecem muito normais
Porque me acostumei demais a sentir calor e nunca estar sozinha
Sei que nunca estamos sós, mas preciso me espiritualizar mais...
Saber e sentir não são sinônimos, não
E eu sinto muito, muito mais do que penso que sei
Então sinto sempre muito frio, no corpo e na alma
Sinto cheiros, sabores, cores, texturas, sonhos...
É, eu filosofo demais
Nada disso tem sentido
Pois não encontro o sentido de mim, de ser eu, de estar aqui
Pareço um adolescente tentando encontrar um curso pra se inscrever no primeiro vestibular
Não aquele que já tem uma profissão que sempre quis seguir
Mas o que vai cursar uma faculdade porque cresceu ouvindo que era isso que tinha que fazer
Assim que terminasse o ensino médio,
Que é isso que todas as pessoas normais fazem
Mas eu não sou nem quero ser "normal"
Nem minha idade cronológica é realmente a minha idade
Aliás, nunca tive um bom relacionamento com o tempo
Não me adapto a relógios, prazos, pressões externas, nem internas, aliás
E elas são muitas; minha mente funciona como uma panela de pressão
Sobre um fogão abaixo do nível do mar,
Cozinhando minhas idéias acima de 100 graus celsius e fazendo com que
Sua textura, seu aroma e seu sabor mudem rapidamente, a cada segundo
Não que eu seja tão volúvel, mas a constância nunca foi também meu forte
Minha quietude é regida pela Lua
E quando escuto algum silêncio, algo grita dentro de mim
Não quero ouvir o que o silêncio tem a me dizer
Mas quero escutar a vida e todas as coisas que puder
Pois o tempo voa depois dos 30
Então isso me assusta
Porque tem a gravidade
E a minha urgência é de viver
Eu não sei esperar, mas sempre me atraso
Então a vida está sempre à minha espera
Ela é a ação que aguarda minha reação retardada pela força de atrito
Enquanto eu permaneço sentada
E pesquiso sobre técnicas de meditação
Procurando encontar a mim mesma no armário
Onde está o traje que procuro
Pra chegar pontual e adequada
Ao próximo encontro que o destino já marcou pra mim...
Por favor, acordem o meu guru e gritem o meu terapeuta!!!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Brevidades V

A criatividade põe estrelas no céu cinza, então eu sonho... Pois quem não sonha, não é criativo!

domingo, 1 de agosto de 2010

Números

Palavras nos causam impressões e sentimentos
Decodificando mentes e sonhos
Os números, porém, também o fazem
Penso no 2, quero pular o 1 e o 0
Afastando solidão e vazio
A menos que eu precise meditar
2 é bom, 3 é demais, segundo nossa cultura monogâmica
Mas também não é bonito egoísmo e preconceito
Números não têm preconceitos
Também não são egoístas
Dão-se as mãos rumo ao infinito
Convidando, generosos, antecessores e sucessores
E aqui também se incluem os negativos
Formando conjuntos naturais e inteiros,
Vão se reproduzindo em racionais e irracionais
Sem esquecer dos que não pertencem aos reais
As palavras não provam nada, enquanto números são símbolos universais
Eles atravessam gerações e fronteiras, sem língua nem cultura escravizada ou patriótica
Sem guerras por domínio de poços e territórios
Resultados numéricos são encontardos sem fusos, latitudes, longitudes ou continentes
Sem bandeira, os números cantam um hino único,
Assim como as notas musicais se transformam em melodias que dispensam traduções
A ciência explica o Universo através de números
Enquanto o poeta, mesmo depois de muitas obras publicadas e merecidos best sellers
E grandes prêmios literários
Ainda tenta entender o que acontece em seu coração quando ama.

Sou XX, e daí?

Vou encher de flocos de espuma
As almofadas azuis de estrelas
Depois costurar tudo direitinho
Com zelo de artesã nordestina
Também quero escrever um livro
E plantar um pé de feijão
Eu preciso falar!
Pra poder entender que é mesmo vida
Isso que eu chamo de minha vida
E que mamãe não ficou nove meses, até mais,
Engordando, pesada, inchando toda
Pra depois sentir tanta dor
E então me parir em vão
Malditos hormônios descompensados!
Ou serão as fases da Lua?
Vou comungar das idéias geniais dos autores de novelas,
Mexicanas, sim, pode ser,
Que derrubam no sofá da sala
Corpos ociosos que aguardam, ávidos, as cenas do próximo capítulo
Quero também voar de vassoura sob o céu cinza de algodão doce
É, não quero ser princesa sobre o cavalo branco
Sou uma bruxa, eu sei, eu sinto
Não sei cozinhar tão bem
Mas faço um bom macarrão
Bem molhadinho e vermelho, salpicado de pimenta do reino
E um bom mousse de maracujá pra sobremesa
O que eu queria mesmo?
É que você estivesse aqui
Pois você nunca se foi
Que diabos de bruxo poderoso é você?
Como pode me preencher assim, de mim mesma,
De vida, de nós, de você, de razões?
De onde vem essa coisa tola de me fazer sorrir produzindo um som qualquer
Em forma ora de sorriso, ora de palavras, ora de bocejo
Esfregando os olhos com as costas das mãos?
De me fazer perder meu medo-tão-característico
E meu vazio-tão-marca-registrada?
Não, não quero explicação
No fundo, eu sei de tudo
Afinal, sou uma mulher, meu amor!
O tolinho aqui é você
Que fingiu não enxergar o que havia
Além do seu umbigo, o Sol!
E saiu na chuva a procurar
Aquilo que sabe que já encontrou
Levando a capa de plástico e as botas de borracha
Sempre tão prevenido de tudo
Mesmo assim, melhor tomar um chá de canela
Prometo que não vai mais espirrar
E comprei um edredom novo!