sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A Bruxaria Contada Num Feitiço Cantado



Olhei pro céu pra meditar, para sorrir e me alegrar
Vinte e nove anjos me deram razão
Eu já sabia rezar
Mas não conhecia a gratidão

As estrelas cintilavam
Em volta da Lua dançavam
As minhas saias rodavam
O meu povo era pagão

Não fugi, quis me aninhar
Num calor de imensidão
A Deusa Mãe veio me abraçar
No seu colo-coração

Eu era guerreira que desconhecia o fogo
Vivia numa fricção inocente
O Deus Chifrudo incandescente
Me surgiu, tão de repente, e me entregou sua coragem

E assim desinteressada, percebi que sou criança
Sou mulher, sou velha e sou jovem
Tenho espírito selvagem, tenho sonhos e esperança
Gosto de dançar na chuva em volta da fogueira santa

Sou abraço, sou carinho, festejo, suor e perdão
Deusa humana em desalinho, pronta pra libertação
Também sou chama, sou guerreiro, amor e menino
Deus que brinca e protege a floresta em devastação

Meu coração foi tomado por bruxas
Sábias temidas queimadas na inquisição
Seus desejos se tornaram meus desejos
A bruxaria agora é meu rito, minha doce emoção

A magia me invadiu o peito, sem se explicar nem pedir explicação
Agora eu não temo mais nada, visto o branco, visto o preto, visto o nu
Falo com a Lua, invento perfumes, colho ervas, coo chá, sou bendita conjuração
Cheiro flores, voo com fadas, ataco de cupido e sempre acerto as flechadas

Saio de noite, chego de dia, viajando em vassouras e tapetes coloridos
Assopro certezas de que somos livres, todos iguais, perfeitos e sagrados
Nos cabelos da Mãe Terra, vejo anjos cacheados
Na caçada do Deus Pai, a redenção dos pecados

Se você não me conhece, aproxime-se, me dê as mãos
Cantemos, façamos poesia, música, arte e nos alegremos
Honremos a vida e sua magia, os deuses nos fizeram irmãos
Todos os desejos são nossos, e a nós sempre retornarão

Entre mitos e histórias, me perdi pra me encontrar
Fui protestante católica, viajei pro além-mar
Conheci minhas profundezas e as de qualquer coração
Mereci, mas foi surpresa, pala bruxaria, magia e beleza
Era minha sina me apaixonar!


quarta-feira, 14 de agosto de 2013



Não pinto o céu de outra cor pra te fazer sorrir

Minha cor preferida é azul, lamento o seu mau gosto

Posso caçar vaga-lumes, mas não vou prendê-los

Só porque eu rio quando corro, gosto de rir da falta de fôlego

Eu preso muito a liberdade, sim, gosto de ser do contra

Modismos me despertam TPM's colossais

O que você precisa pra sorrir está aí, dentro de você

E na sua capacidade inata de me reconhecer seu amor!

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Alma Nova



Quando a Lua Nova aponta no céu
Visto-me de noiva casta
Esperando a lua de mel
Pra realizar meus desejos escondidos
‘Adolescenço’ na puberdade sonhadora
Em períodos sinódicos ditados pelos deuses
Pra me manter sempre jovem e pura
Sorriso de criança levada
Protegida e aconchegada no berço quente da vida
Mas que quer descobrir o mundo
Dar sempre os primeiros passos
Fazer com que tudo jamais amadureça
A tal ponto de apodrecer
E não mais me servir de escolha!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Santas Bruxas!



Foi lendo livros sobre histórias e depoimentos de bruxas que eu entendi que também tenho asas e posso voar, tão alto quanto eu queira
Que nem sempre viajamos tirando os pés do chão, existem viagens que acontecem num fechar de olhos, em segundos, num expandir de mente e alma
Que toda vida nasce pra ser mágica e assim como as aves, todos temos asas
Asas nos cílios, na imaginação, nos sorrisos, nas lágrimas, nas dúvidas e até nos medos
Nos pés, nos abraços, nas perdas, nas reconciliações, no altruísmo, no perdão...
Eu vi que posso voar recostada num peito desnudo e comendo pipoca numa tarde de chuva
Pisando a areia molhada da praia, deixando o vento alvoroçar meus cabelos e as ondas lamberem de sal o meu corpo que o Sol veio bronzear
Sentada embaixo de uma árvore no quintal do vizinho depois de saborear frutas roubadas, rindo de como eu nunca quero deixar de ser infantil e tola, apesar de crescer, evoluir pra transcender filosofias e ciências
Olhando um cara corajoso voando em voo livre, deslizando em ondas gigantes assustadoras ou fazendo altas manobras num skate velho e descalço
Sentindo cheiro de beijo, de café da manhã, do chá da velha curandeira, chorando em frente à televisão assistindo uma comédia romântica que já passou mil vezes na sessão da tarde
Falando ao telefone com um amigo querido que acabou de se casar no exterior e não me jogou o buquê da noiva e nem vai mais voltar
Observando como são infinitas as possibilidades de se viajar
De como é estranha a maneira com o simples acalma, consola e outras vezes sacode a acomodação do previsível, dos planos que dão certo
Foi com essa descoberta que eu entendi que as noites não podem ser vividas como o dia
Que a Lua e o Sol representam as partes opostas e complementares que convivem em tudo
São verdades e sonhos divinamente ímpares e pares
Dor e prazer, lamento e certeza, risco e escolha, sombra e luz, morte e renascimento
Passamos frio pra entender da essência das flores de primavera
Da alegria de recomeçar, de entender aqueles sorrisos puros de viver de brincadeira
Brincar de viver junto porque já se conhece a magia da solidão, de mergulhar no escuro de si mesmo
De entender que ser livre, completo, eterno e convictamente tão vago quanto exato
É conhecer milhões de histórias de mitos, santos, mártires, charlatões e deuses e apenas querer deixar- se batizar pagão!